quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Presidente do BM marca o ritmo para o futuro

O sistema multilateral precisa de uma reformulação profunda, avisa Zoellick
A crise financeira global está a arrastar muitos países em desenvolvimento

Divulgação de Notícias Nº2007/105/EXC

WASHINGTON, 6 de Outubro de 2008 – O modo como o mundo tenta resolver os problemas económicos tem de ser repensado, face à actual crise global, incluindo a transformação do Grupo dos Sete num Grupo Dirigente que atribua poderes aos estados económicos em ascensão, afirmou o Presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick.
Referindo-se às próximas eleições norte-americanas, Zoellick disse que o novo presidente não poderá limitar-se a tentar “encontrar a estabilização financeira” mas terá de solucionar “as repercussões económicas subsequentes”. Quem quer que seja eleito terá de trabalhar com os outros na modernização do sistema multilateral pois é necessário que haja uma maior responsabilidade partilhada para a solidez e funcionamento eficaz da economia global de hoje em dia.
“O G-7 não funciona. Precisamos de um grupo melhor para um tempo diferente”, afirmou Zoellick num discurso no Peterson Institute for International Economics em Washington D.C. “Com vista à cooperação financeira e cooperação, teremos de considerar um novo Grupo Dirigente que inclua o Brasil, China, Índia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul e o actual G-7.”
Num discurso que antecede as próximas Reuniões Anuais do Grupo Banco Mundial, Zoellick referiu que o Grupo Dirigente terá de ser mais do que uma mera substituição do G-7 por um G-14 com um número fixo, pois tal seria utilizar métodos do velho mundo para reconstruir o novo. O Grupo Dirigente terá de evoluir para se adaptar às circunstâncias em mutação, incluindo novas potências emergentes, servindo, ao mesmo tempo, de rede para uma interacção frequente. “Precisamos de um Facebook para uma diplomacia económica multilateral”, afirmou Zoellick.
Alertando para os efeitos da crise financeira, Zoellick disse: “Os acontecimentos de Setembro poderiam ser um ponto de viragem para muitos países em desenvolvimento. Uma quebra nas exportações, bem como nas entradas de capital, irá desencadear a queda dos investimentos. A desaceleração do crescimento e a deterioração das condições financeiras, combinadas com a restrição monetária, irão produzir falências de empresas e, possivelmente, emergências bancárias. Alguns países serão arrastados para crises da balança de pagamentos. Como sempre acontece, os mais pobres são os mais indefesos”.
O antigo diplomata americano, negociador de regras do comércio e executivo financeiro, afirmou que o multilateralismo económico precisava de ser redefinido para além do seu centro tradicional de atenção nas finanças e no comércio. Energia, mudanças climáticas e estabilização de estados frágeis e em fase de pós conflito eram questões económicas e não apenas parte do diálogo global sobre segurança e o ambiente.
Zoellick declarou que o Novo Multilateralismo tem de dar valor igual ao desenvolvimento e às finanças internacionais, ou então o mundo permanecerá um lugar instável. Mas o sistema de ajuda não estava a funcionar suficientemente bem e precisava de se movimentar mais rápida e eficazmente para poder ajudar os mais vulneráveis quando a crise se abate. O Grupo Banco Mundial também precisa de reforma. Zoellick anunciou a criação de uma Comissão de Alto Nível sob a liderança do antigo Presidente do México Ernesto Zedillo que tem por missão considerar a modernização da governação do Grupo Banco Mundial.
Voltando às conversações multilaterais sobre o comércio, Zoellick disse que a ronda de Doha estava “estagnada” e, portanto, os países deviam considerar a facilitação do comércio como uma outra forma de cortar os custos do comércio. “Há oportunidades para reduzir os custos do comércio numa dimensão muito maior do que a que resulta da imposição de tarifas e outras barreiras comerciais”, afirmou.
Descrevendo os mercados mundiais da energia como “um caos”, Zoellick apelou a uma “negociação global” entre produtores e consumidores de energia. Os dois lados podiam participar em planos para expandir o abastecimento, melhorar a eficiência e reduzir a procura, prestar assistência aos pobres em matéria de energia e analisar o modo como estas políticas estão relacionadas com as políticas de produção de carbono e de alterações climáticas
“Podia haver um interesse comum em gerir um leque de preços que concilie os interesses ao mesmo tempo que estabelece a transição para estratégias destinadas a baixar as emissões de carbono, um portfolio mais amplo de fontes de energia e uma maior segurança internacional” afirmou Zoellick.
Zoellick mencionou que o Grupo Banco Mundial está a elaborar, com vários dadores, uma iniciativa de Energia para os Pobres para ajudar os países mais necessitados a atender as necessidades energéticas de uma forma eficiente e sustentável.

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